domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cheguei à conclusão de que a minha vida é tal e qual uns fones, demoro imenso tempo para a desembaraçar porém bastam cinco minutos para que se volte a tornar num acumular de nós e entrelaçados difíceis de desenrolar. Afirmou Anne num tom já cansado.
Posso passar por momentos desses trinta vezes, nunca descobrirei como tão rapidamente se consegue embaraçar. Chego a sentir pena de ti coração, és tu quem mais sofre, quanto mais cais, menos aprendes, não deveria ser ao contrário? Sinto pena porque te culpo a ti, de tudo o que acontece, de todas as lágrimas que de vez em quando teimam em cair, culpo-te por quereres exaustivamente quem não te quer, por te magoares por quem não te protege, irónico, por quereres consolo de quem te magoou. Adiantou ainda Anne com as mãos unidas, auxiliando o queixo.
Mas és tu o culpado, ordenei-te que desses ouvidos à cabeça, preferis-te ignorar e agora coleccionas cicatrizes, muitas delas ainda por sarar. Quem foi que te disse que estarias certo? Ninguém? Devia ter-te dito, tu estavas. Por mais que doa, fazes-me adorar-te ainda mais, pequeno coração. Disse Anne, já de sorriso no rosto.
Não te percas pequena, olha que ele se fere para teu bom agrado, todas as vezes que sorris-te, que te adiantas-te, que corres-te contra o mundo, ele avisou-te, ele bombeou mais rapidamente, criou as chamadas borboletas, ele auxiliou-te e felizmente ignorou o cérebro, esse que se houvesse intervido, teria sem dúvida feito estragos ainda maiores, não deixes de lutar por ele só porque de vez em quando te vão aparecendo momentos errados. Ele está lá, aqui, ele é teu mas pertence a outro alguém, provas-te o sabor amargo do amor, ao que é que sabe? Perguntou o chapeleiro.
Amor? Sabe amargo, dá até para relembrar como se fosse ontem, não me sai da cabeça, sabe a dor, a agonia, a desespero. Sabe a quê? Sei lá ao que sabe, sei lá porque veio, nunca o chamei, provavelmente insistiu em vir, nos contos o culpado é o cupido, para a próxima já saberei adiantar-me, tomarei medidas, ou talvez não... Sabe a quê chapeleiro? Perguntou a Anne.
Sabe a vida pequena, sabe ao cuidar, ao doar, sabe a promessas e a desenganos... Cada vez que sorrires será por ele, cada vez que fizeres uma promessa será para ele, cada vez que chorares será por causa dele, cada vez que te lembrares será dele. Disse o chapeleiro.
Eu pensei que fosse mais forte. Por ele quem? O Cupido? Perguntou a Anne meio confusa.
Não pequena, pelo ser que ganhará o teu coração, tu serás forte porém por ele, com ele, perto dele, ficarás fraca. Disse o chapeleiro, afastando-se aos poucos.

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