Eu não o conhecia bem, mas desde o primeiro dia que notava uns olhares no mínimo diferentes... Ele era lindo, moreno de olhos avelã, tinha a pele branquinha e estava sempre a sorrir. Dei conta mesmo sem ter-mos trocado uma única palavra de que era parecido comigo, ele não gostava de matemática, tinha o sorriso mais bonito que eu já havia visto em toda a minha vida, e aqueles olhares que mandava, tinham, qualquer coisa de especial. Tinha o cabelo meio espetado, parecia despenteado mas não, eram apenas jeitos. Eu sei que já o disse, mas o sorriso... Aquele sorriso era lindo, meu deus mas que loucura, ele tinha o sorriso mais bonito do mundo! Estava um dia, já depois da escola a caminho de casa, quando de repente o vejo, ele está lá... Ele começa a andar direito a mim, eu fico tipo "Oh Meu Deus, o que é que eu faço? E se ele vier ter comigo?", fingi-me de tolinha e continuei a andar já naquela do "Não é para mim", de repente ouço alguém... "Ei, espera aí", eu olhei para trás, ele vinha a correr e a segurar nas calças ao mesmo tempo, Ahah parecia um autêntico maluquinho, ele lançou o cabelo para cima com a ajuda da mão (Sexy Moment) e sorriu... "Vais com pressa" disse ele, ainda a recuperar o folgo, eu fiquei a olhar para ele com cara de quem não estava mesmo a perceber nada, eu não o conhecia de lado nenhum, o que será que ele queria de mim? Entrei no jogo "Ah não, só não te tinha visto", ele voltava a sorrir, sorria e sorria vezes e vezes sem conta... Eu retribuía quase sempre, "Vais para casa?" perguntou ele, eu afirmei com a cabeça, limitei-me a ficar calada, mas nunca desviei o olhar dos olhos dele... "Queres companhia?" OK! Quando ele me perguntou se eu queria companhia eu fiquei tipo "WTF?" mas que raio de rapaz era este, ele era meio estranho, quer dizer quem é que se oferece para acompanhar até casa alguém que não conhece de lado nenhum? Comecei a ficar nervosa... "Na verdade eu não te conheço, estou a tentar perceber-te mas esta situação é meio que estranha" afirmei eu em tom nervoso, ele voltou a rir, voltou a ajeitar o cabelo para cima e sorriu novamente... "Desculpa se te assustei, não era essa a minha intenção, na verdade tens razão mas como sou novo por estas zonas... Bem o que eu quero dizer é..." Ele parou de falar e ficou a olhar para o banco que se situava perto de nós. "O que queres dizer é?..." disse eu meio confusa. "Eu preciso de alguma ajuda, nunca tinha feito uma mudança tão radical como esta, deixei escola, amigos, momentos antigos para trás e ainda me custa um pouco" Disse ele. Ele já não sorria, mas ajeitava o cabelo sempre que acabara de falar, na verdade aquilo era mesmo sexy. "Mas afinal porque te mudas-te, assim do nada?" Perguntei eu, ele pareceu-me incomodado, mas a pergunta já estava feita, desta vez fui eu quem começou a sorrir. "Queres sentar?" perguntou ele, eu acenei novamente com a cabeça. Já não passava quase ninguém na rua, o jardim estava tranquilo, era tardinha e já estávamos perto de minha casa, sentámo-nos e ele contou-me que o sitio onde vivia era um pouco diferente de Lisboa, mas que até gostava, a verdadeira razão de toda esta mudança tinha sido a separação dos seus pais. O pai dele tinha ido passar uns tempos a França por causa do trabalho e a única solução era vir viver com a mãe, ele disse-me que até gostava e que lhe iria fazer bem, mas que apesar das vantagens lhe tinha custado muito separar-se assim dos seus amigos. Eu fiquei espantada devo confessar, eu era incapaz de largar os meus amigos, independentemente de tudo e ele tinha tido coragem para o fazer. Eu sorri e ele retribui-me com outro sorriso, maravilhoso. Estávamos sentados, conversámos durante um bom tempo, ele falou dele, eu falei de mim, viu-se que era boa pessoa e que acima de tudo tinha um sentido de humor muito oportuno, ele brincava com tudo o que eu dizia, fazia-me rir que nem uma perdida e depois de me fazer rir, ria-se só de ouvir o meu riso, quando dei pelas horas apanhei um susto, já eram seis e meia da tarde e eu tinha de ir para casa, ele fez uma cara triste e eu comecei a rir-me, ele perguntou-me se me podia acompanhar a casa, eu acenei mais uma vez com a cabeça e ele sorriu. Quando já estava perto de casa despedi-me dele. "Vives ali?" Perguntou ele com um ar de espanto, eu fiquei assustada confesso, "Sim vivo, porquê?" eu olhava para ele com receio da resposta, ele sorriu e respondeu "Por nada, eu estou aqui pertinho, vivo na rua ali em cima". Eu não estava à espera desta resposta, mas fiquei aliviada e ao mesmo tempo contente, era óptimo ter alguém com quem partilhar os acontecimentos do dia, principalmente durante o caminho para casa. Eu voltei a despedir-me dele, ele cheirava tão bem, não consegui deixar de sentir, era um cheiro intenso, aquele perfume era tão doce mas tão masculino ao mesmo tempo. Ele deu-me um beijo na bochecha, sorriu, voltou a ajeitar o cabelo ao mesmo tempo que olhava para o chão e sorria, tinha as mãos enfiadas até metade do bolso da frente das calças, todo o jeito dele era especial. "Até amanhã" disse ele ainda a sorrir, eu sorri de volta e respondi "até amanhã". Ele virou e seguiu caminho, comecei a andar, na verdade ainda não estava a acreditar em nada daquilo, eu sei, eu não o conhecia bem, mas alguma coisa me dizia que eu podia confiar nele. De repente, algo de inesperado acontece, eu sinto duas mãos na minha cintura, eu parei de imediato, mas não me virei para ver quem era. "Desculpa, sei que parece cedo, mas queria pedir-te se me davas o teu número, não é para nada de mais, é porque és apenas das únicas que conheço até agora e se precisar de ajuda já tenho uma amiga a quem ligar" disse ele. Ok, as mãos dele eram suaves como a lã, ele tinha-me segurado devagarinho, parecia que não me queria magoar, ou ir longe de mais, nunca ninguém tinha zelado assim pela minha segurança. Eu virei-me, ele largou-me de imediato, estava a sorrir parecia um tótó, claro que eu não pude deixar de sorrir, aquele sorriso encantava-me, "Claro que sim" disse eu ainda meio envergonhada. Ele pegou no telemóvel dele e deu-mo para a mão "Aponta aí" disse ele ainda a rir. Eu apontei o meu número, ele  pôs uma das mãos na minha cintura e continuou com a outra no bolso, deu-me um outro beijo na bochecha, voltou a ajeitar o cabelo e seguiu caminho. Eu só pensava, não queres voltar? Ele era tão querido, tão bonito, tão simpático e carinhoso, eu sentia-me protegida ao lado dele, era sorridente e sempre cheio de graça. Fui até casa e abri a porta, entrei e fui cumprimentar a minha mãe, ela estava na cozinha, o meu irmão esse pronto, a playstation e o computador eram as mulheres da vida dele por isso fiz como todos os dias e nem me dei ao trabalho, o meu pai ainda não estava em casa, trabalhava até tarde. Fui logo para o meu quarto e liguei a televisão, de repente ouço o telemóvel vibrar... 'Olá, sou eu, desculpa estar já a chatear... Estava a pensar se não querias ir comer um gelado ao jardim depois de jantar, parece que vai haver festa e assim aproveitavas e trazias-me uns apontamentos atrasados, preciso mesmo deles, fico à espera de uma resposta, beijinhos'. OK, estava definitivamente boquiaberta, eu não sabia se os meus pais me iam deixar ir, mas como estávamos em época de halloween, ia haver uma daquelas festas grandes cheias de gente e muita música, resolvi ir pedir à minha mãe, mas não lhe disse que a minha companhia seria um rapaz, para além de provavelmente ficar de nariz torcido ainda ia começar com as coisas do "Agora andas com namorado?" ou "Vais sair com um rapaz?" preferi confrontá-la, usei essa mentirinha piedosa e disse que ia com alguns amigos. Ela no principio ficou a matutar naquilo, mas como conhecia bem toda a gente da zona, incluindo os meus amigos resolveu deixar. Fiquei tão contente, mas nervosa, muito nervosa ao mesmo tempo, não queria parecer histérica por isso respondi "Tudo bem, eu vou. Encontramo-nos onde?" ele logo respondeu "No principio da tua rua, olha afinal levo amigos". AMIGOS? Eu fiquei meia confusa, só espero que eu conheça "Que amigos vais levar?" perguntei eu, "Vai um amigo meu, ele é muito simpático, conheci-o ontem, e mais duas amigas dele que também já conheço, não te preocupes são todos muito simpáticos". Ah, no fundo não havia problema, era pessoal da escola e são quase todos muito porreiros, ia ser uma noite divertida. Arranjei-me, fiz a higiene normal e fui até ao final da minha rua, fiquei à espera uns 5 minutos, até que o vejo ao longe (OMG, ELE ESTAVA TÃO HOT) "Olá, desculpa a demora, mas atrasámo-nos um bocadinho, esperas-te muito tempo?" perguntou ele. Os amigos dele estavam lá ao longe, eu reconhecia-os, menos uma, eu sabia que era da escola mas nunca havia trocado uma palavra com ela. "Não, não te preocupes está tudo bem" respondi eu. Ele sorriu e fomos até junto do resto do pessoal, cumprimentámo-nos e fomos até á "festa". Passámos todos um óptimo tempo juntos, mas reparei que aquela outra rapariga com quem não tinha antes trocado uma única palavra, não tirava os olhos dele, fiquei confusa.... Ela gostaria dele? AAAh, não faças filmes pensei eu para mim, vocês são amigos, que mal tem se ela gostar dele? Só tem razões para isso, ele é lindo, carinhoso, simpático, protector... "Já está tarde" disse ele, quando olhei para o relógio já era tardíssimo e nós íamos ter aulas no dia seguinte, sinceramente estava-me bem a lixar para as aulas, mas infelizmente a minha mãe e o meu pai não pensavam da mesma maneira e para prevenir uma mãe furiosa e de garras para fora decidi levantar-me e começar a despedir-me de todos. "Eu levo-te a casa" disse ele com um ar sereno. Eu sorri... A outra rapariga que antes olhara para ele, sorriu para ele, deu-lhe um beijo meio que demorado na bochecha e perguntou-lhe "Vemo-nos amanhã?" Ele respondeu acenando com a cabeça. Eu fui andando, Ah que espectáculo deprimente, parva da miúda, mas ela despede-se assim dos amigos dela? Eu estava mesmo com cara de enjoada, ele despediu-se do resto do pessoal, e veio até mim, estava frio e ele perguntou se eu queria o casaco dele, ele estava mais descontraído que nunca, mas via-se que estava cansado, eu acenei negativamente com a cabeça e ele sorriu. "Estás a rir-te de quê?" perguntei eu, "Eu não estou a rir-me de nada" ele disse isto em tom irónico e sem nunca deixar de rir, eu continuava com cara de enjoada, fomos o caminho todo calados e eu só queria chegar a casa, estava super cansada. "Quando chegares a casa manda-me um sms" disse ele, "Para quê? Não vais comigo até à minha rua?" perguntei eu indignada, ele começou a rir-se literalmente na minha cara, "Calma" disse ele ainda a rir, "É claro que vou contigo, até vou contigo à porta se for preciso, é só para ter a certeza de que chegas-te bem". Eu sorri, eu queria esconder-me, estava a morrer de vergonha. Chegámos até minha casa. "Adorei" disse ele, eu fiquei sem reacção, limitei-me a sorrir e a baixar o olhar, não conseguia olhar-lhe nos olhos, ele começou a rir-se também, voltou a ajeitar o cabelo dele (Another sexy moment) e foi até trás de mim, pôs as duas mãos na minha cintura e abraçou-me, ele continuava atrás de mim, deu-me um beijo na face... Ele era ligeiramente maior que eu, por isso sentia que podiam vir mil dragões, ninguém me faria mal com ele por perto. Ele já tinha as mãos dele entrelaçadas na minha cintura, como se não quisesse que eu me fosse embora, não me deixava ir, ficou com a cabeça dele no meu ombro durante alguns segundos, eu limitei-me a fechar os olhos enquanto ele continuava agarrado a mim, o meu coração estava mais acelerado que um carro de fórmula 1. "Estás nervosa?" perguntou ele. Eu não consegui abrir a boca, limitei-me a ficar encostada a ele. Ele continuava atrás de mim, de repente sinto o meu coração a aumentar ainda mais a velocidade, ele encostou os lábios dele ao meu pescoço e deu-me um beijo, suave e curto, virou-me, eu fiquei cara a cara com ele, encostou a testa dele à minha e acariciou o meu nariz com o dele... Ele não largava a minha cintura nem por um segundo, eu coloquei as minhas mãos no pescoço dele, fechei os olhos e senti os lábios dele nos meus, ele era um verdadeiro príncipe, depois....

Senti o meu despertador tocar, são horas de ir para a escola.